20 de agosto de 2009

Geração Sobrevivente

Eu faço parte da geração sobrevivente, anos 70/80 que deram origem aos sobreviventes do século XXI. É verdade eu sobrevivi! Andei de bicicleta sem capacete cai inúmeras vezes e cá estou eu com cicatrizes e histórias para contar. Brinquei com sabugos de milho, papas de lama, estimulando o fazer de conta de cá estou eu! Não tinha jogos electrónicos nem pensava em brincar fechada em casa preferia fazer explorações na ribeira, subir a árvores e fazia-o com o consentimento da minha mãe. Brincava muito com os meus gatos, adorava e raramente lembrava-me que era preciso lavar as mãos…isso era competência da minha mãe e estou aqui imune a várias doenças. Falava com estranhos, pois os estranhos eram pessoas que conhecia da freguesia de vista e tinha toda a segurança de ir ao “botequim” comprar o que o açúcar que faltava para o bolo que a avó queria fazer antes dos meus pais chegarem. Os meus brinquedos não eram aprovados pela CE e aliás nem se falava na CE. Éramos uma geração que crescia usufruindo com o contacto real das coisas, só tive o computador mais tarde e vivi como uma criança até então brincando ao faz de conta sem pensar no mundo virtual que me esperava uns anos mais tarde. E a geração de hoje os nossos filhos e filhos dos amigos… o que estamos a fazer a eles? Eu tive uma infância muito feliz descobri o mundo com todos os meus sentidos de forma livre, e os filhos do séc. XXI será que vão ter essa oportunidade. Nós compramos tudo! Damos pouca abertura ao jogo simbólico… Se ele corre e cai lá estamos nós a levantar, mimar e a enganar a criança pois temos que os preparar para cairem e saberem se levantar (a não ser se a queda seja grave claro!) Birras, estamos a criar Birras a Geração XXI não sabe ouvir não e se grita muito é porque pode ter algum tipo de trauma e toca para a psicóloga. É importante reflectir e ver bem para o que estamos a preparar os filhos XXI, queremos o melhor para eles mas será que o melhor não é sermos práticos pais XXI que nasceram e cresceram no século passado em vez de querer-mos ser pais do século passado a viver na infância do séc. XXI

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